Em quarto mandato, Edvaldo Nogueira (PDT) está encerrando o ciclo de um grupo político no comando da Prefeitura de Aracaju sem nunca ter preocupado em apresentar novas opções
para o eleitorado. Chega ao pleito de 2024 sem ter um nome para apresentar como o seu candidato.
Há 15 dias, no encontro da juventude do PDT, o prefeito quebrou o silêncio sobre as eleições 2024 e advertiu: “Quem pensa que não vou escolher, está enganado. Eu vou escolher, assim como escolheram o candidato a governador”. Ressaltou que vai consultar a todos do grupo – senador, deputados e também setores da sociedade.

Na última segunda-feira (21), foi a vez do vereador Nitinho (PSD), mostrar que está mesmo disposto a disputar a sucessão de Edvaldo e provocar um encontro de 14 vereadores da capital com o presidente do União Brasil, ex-deputado André Moura. Os vereadores, a exemplo do presidente da Câmara, Ricardo Vasconcelos (Rede), defenderam a pré-candidatura de Nitinho.
Nitinho não está nem aí para a posição de Edvaldo, a quem faz uma velada oposição, desde o momento em que comandou a eleição da mesa diretora da Câmara sem ao menos comunicar ao prefeito. Toda a mesa é oposição à PMA.

O PDT, partido de Edvaldo, decidiu emitir uma nota defendendo o prefeito e criticando Nitinho, o que acirrou ainda mais os debates. Nem mesmo o apelo do governador Fábio Mitidieri (PSD) para que a discussão sobre candidaturas ficasse para junho do próximo ano foi levado em consideração. O vereador continua dando entrevistas sobre a pré-candidatura e o grupo do prefeito falando da sua liderança.
O governador confirmou que quer construir a sucessão na capital ao lado do prefeito Edvaldo Nogueira. “A sucessão é dele, é justo que coordene a sucessão dele. Mas precisa ter a compreensão de que vai ter de ouvir todos os partidos e aliados do grupo. Se não for dessa forma, terá dificuldade de união”.
Para Mitidieri, Edvaldo é político experiente, quatro vezes prefeito de Aracaju, e tem que ter essa compreensão.
“E eu espero que todo o agrupamento também tenha. Eu não sou de tolher nem criticar o desejo nem posicionamento de ninguém de forma pública, mas essa postura não ajuda em nada, não agrega, não fortalece a ninguém. Na minha forma de ver, tá bom, já deram seus recados. Agora vamos conversar, discutir internamente”.
E alertou: “Espero que essa discussão seja a primeira e a última, que todas as lideranças do nosso agrupamento construam juntos um nome para a prefeitura. Não tenho pressa, a pressa é só de governar!”

Na reta final do seu quarto mandato como prefeito, Edvaldo não soube construir um grupo político e é acusado por quase todas as lideranças de não cumprir os acordos firmados. Foi esse um dos motivos de não ter sido escolhido o candidato do grupo à sucessão do governador Belivaldo Chagas (PSD), mesmo liderando todas as pesquisas.
Os seus secretários se repetem nos cargos, não permitindo a ampliação dos quadros, a ponto de os nomes apresentados por ele como prefeituráveis são da panelinha: a secretária da Saúde Waneska Barboza, o secretário da Fazenda Jeferson Passos, e o atual secretário de estado da Infraestrutura, Luiz Roberto, que por muitos anos comandou a Emsurb na Prefeitura de Aracaju.
Em sexto mandato como vereador, Nitinho foi o terceiro mais votado nas eleições de 2020, com 4.720 votos. Vai continuar trabalhando para construir a sua candidatura por cima de Edvaldo. E tem respaldo da maioria dos seus pares.
Ao contrário de Belivaldo, Edvaldo pode chegar aos últimos meses de mandato falando apenas para o seu reduzido grupo. Mesmo com uma administração bem avaliada.
Texto do jornalista Gilvan Manoel – Jornal do Dia
O comentário é de responsabilidade do autor da mensagem; não representa a opinião de 7up7down.